Na ordem indireta

"Um alicerce! Por favor...!", pedia meu amigo. Havia um pouco de insaturação nele. Umas ligações triplas (¬¬) incríveis... Eram 2:34h. Madrugada quase fria, não fosse as piadas infames da infernet. Olhei pra parede. Alguns poemas, algumas frases. Pedaços de música e uns pensamentos meio insanos... Havia algo errado com ele.

Calamidade de sentimentos? Lombras no meio do sono que não havia chegado por meio do estereótipo de se dormir durante a madrugada? Não sei... Quem sabe?

Ele queria um abraço, um pouco de voz mais calma. Não sei se a voz ou o corpo tremiam. Parecia fremente, um pouco cabisbaixo... Enquanto o fazia dar risada, pensei comigo mesmo a possibilidade de uma música. Uns Bm5-/7, C#º e E/G# talvez... Soava bonito, soava simples. E ainda tinha um gosto de 'Que é isso aí, véi?'. Tudo bem. Respirei fundo. E, quando era pra falar, comecei a tocar...

Contava-me do passado, do futuro, do presente, do ocorrido. Eu não entendia, sinceramente. Sentimentos fortes, pude notar. Mas ainda pouco. A interpretação era vaga. Eu tocava um pouco de violão enquanto ele escrevia. Parecia desesperado, mas eu sabia que era um pouco mais que isso com menos intensidade.

Abri o bloco de notas. Letras e mais letras. "Do que adianta dizer uma coisa que a mente não consegue falar?", pensei. Ainda assim, escrevi. Continuei escrevendo e contive as palavras numa lágrima. Parecia ser doença, passou dele pra mim...

Dizia-me que era verdade, que nem ele conseguia entender. A noite chegava, insólita, e ele continuava a falar. Senti medo. Não sei se medo meu. Não sei se medo nele. Não sei se medo dele. Senti, apenas.

Com vistosas palavras vindas d'alma, ele se despedia. E dizia "Valeu, véi. Abraços."

Mal sabia ele que eu só conseguia pensar na música...

Eric.